quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Hortaliças viram tema sobre pesquisa de mercado em São Paulo, Brasília e Fortaleza


Caracterizar o setor de hortaliças comercializadas nas centrais de abastecimento de Brasília, São Paulo e Fortaleza, observando-se as características de cada localidade, sob o ponto de vista de produtores, comerciantes e consumidores. Essa foi pesquisa feita  pelo agrônomo Francisco Herbeth Costa, da área de Transferência de Tecnologia da Embrapa Hortaliças (Brasília-DF), que realizou visitas de campo a três das principais centrais de abastecimento do País, colhendo dados e informações a respeito dos respectivos desempenhos de olerícolas como a berinjela, pimentão, cenoura, melão, melancia e pepino, frente ao mercado em geral. 

De acordo com o agrônomo, o conceito de qualidade referente às hortaliças em questão revelou-se bem distinto entre o público pesquisado – enquanto para o agricultor a principal referência diz respeito à produtividade, doenças e precocidade, a resistência ao manejo e a longa vida do produto são os principais atrativos no caso do comerciante. Por outro lado, para o consumidor a aparência seguida pelo sabor são os fatores que determinam a sua escolha. “Após essas verificações, podemos estabelecer que para uma cultivar de hortaliça receber plena aceitação desses segmentos precisa aliar as características inerentes à sua família botânica (tamanho, forma, cor) com aquelas que conferem maior conservação, boa aparência e sabor”, considera Herbeth. 

E, de acordo com o gosto do freguês, vão sendo construídas, aqui e ali, algumas preferências que terminam influenciando a cadeia produtiva. Os frutos grandes da melancia, por exemplo, têm mercado garantido, ao contrário daqueles de tamanho menor, associado à alta frequência de frutos imaturos e, portanto, que não apresentam as mesmas qualidades organolépticas (cor e sabor), o que influencia o seu preço de compra e venda. “E não é por acaso que a principal cultivar mais comercializada no Brasil é a americana ‘Crinsom swett’”, informa o agrônomo, que tomou por base os locais visitados, notadamente a Ceagesp – vista como uma amostragem do que acontece no País -, considerada o maior entreposto de legumes, frutas e hortaliças da América Latina.

Ao contrário da melancia, no melão não é o fator doçura que influencia o seu comércio. O melão tipo amarelo, apesar de apresentar o menor teor de sólidos solúveis, ou seja, é menos doce, é o preferido pelos produtores da região Nordeste que, como maior produtora e exportadora, optou por produzir um material que apresenta um período maior de conservação pós-colheita. “Nesse caso, a longevidade ganha.” Mas não em todos os mercados.

Em São Paulo e em Brasília, o melão amarelo é o mais vendido, mas em Fortaleza é a variedade tipo “Cantalupe” a campeã na preferência dos consumidores. “Esse melão é mais doce, mas tem vida pós-colheita bem menor”, anota Herbeth, que entre outras aferições aponta a valorização do pimentão verde graúdo, frente ao médio; enquanto que no pimentão vermelho é o tamanho médio que tem maior cotação. 

O resultado desse trabalho de coleta e análise será o foco do seminário “Perfil de Consumo/Mercado de Hortaliças no Distrito Federal, São Paulo e Fortaleza, nas principais centrais de abastecimento do País”, que será apresentado no dia 15 de março na Unidade de pesquisa de hortaliças. “Acredito que as informações poderão servir de indicativo para o melhorista nortear o rumo das pesquisas com as hortaliças em questão”, sublinha o agrônomo.

Centrais
O sistema brasileiro de distribuição atacadista de alimentos, baseado em grandes centrais de abastecimento, é responsável pela principal parcela do abastecimento de produtos frescos no Brasil. Movimentando anualmente mais de 15 milhões de toneladas de produtos hortigranjeiros, estima-se que cerca de 60% do volume de hortaliças produzidas são comercializadas pela rede de Ceasas.

por Anelise Macedo / Embrapa Hortaliças
via Rosângela Evangelista da Silva Comunicação Embrapa/Brasília/DF