domingo, 15 de março de 2015

Democratização da genética

Sistema de produção de leite desenvolvido em Minas Gerais, promove aumento da receita do pecuarista somando a venda do leite ao valor do bezerro de corte de qualidade. 

Intercâmbio favorece evolução da bovinocultura de leite e carne no Brasil. Bezerros de corte | Erasmo Reis /EPAMIG

Modelo foi apresentado a técnicos de 14 estados brasileiros durante treinamento do Programa de Melhoria da Qualidade Genética do Rebanho Bovino Brasileiro (Pró-Genética), realizado nos dias 10 e 11 de março, em Felixlândia, na região Centro-Oeste de Minas Gerais.

Os técnicos conheceram o modelo, que utiliza fêmeas F1 (meio sangue europeu e meio sangue zebuíno) para produção de leite e de bezerros de corte, estudado na Fazenda Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), em Felixlândia há mais de 15 anos. Essas tecnologias geradas são levadas até o pecuarista mineiro por meio de programas como Minas Leite e Pró-Genética, com a interação entre Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, Epamig, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), e o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).

Os estudos apontaram que vacas mestiças, além do aumento da produtividade, foram capazes de produzir bezerros de qualidade, quando considerados o ganho médio diário e o peso do desmame, podendo contribuir para a sustentabilidade da produção. "A venda desses bezerros pode complementar a receita da propriedade, desmistificando a teoria que vacas F1 não produzem animais para a cadeia da carne", explica o pesquisador da EPAMIG, José Reinaldo Ruas, que coordena os estudos na Fazenda de Felixlândia. Ele explicou que a partir da adoção de técnicas de manejo na ordenha e alimentação, a média de produção passou de 2.000 kg para 3000 kg de leite por lactação. 

O temperamento ameno das vacas mestiças adaptadas à ordenha mecânica, chamou a atenção do agrônomo de Campina Grande (PB) Luciano Bezerra, que acompanhou o manejo na Fazenda Experimental."É possível perceber que as vacas são produtivas em ordenha mecânica, após o amansamento", ressalta. Para o zootecnista da Emater-DF Douglas Andrade, as demonstrações cumpriram a expectativa de viabilidade econômica do sistema. "É a parte que mais interessa ao produtor, além da possibilidade de este ter acesso à genética de qualidade", conclui.

Para o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, João Cruz Reis Filho, os avanços do Pró-Genética em Minas vão além do aspecto econômico. "A capacidade multiplicadora do Programa melhora a satisfação do produtor rural e a qualidade de vida de sua família". Segundo o secretário, o programa  implantado em 2007 no estado terá como extensão o Pró-Fêmeas, iniciativa que visa melhorar o plantel, principalmente dos pequenos produtores rurais.

Também foram apresentadas aos participantes, as perspectivas da bovinocultura e resultados positivos que tornaram Minas Gerais, maior produtor de leite do Brasil, pioneiro no incentivo a pequenos produtores rurais na utilização de animais geneticamente superiores no cruzamento, a partir de tecnologias de fácil aplicabilidade e de administração simples. De acordo com o presidente da EPAMIG, Rui Verneque, houve um avanço em tecnologias para o desenvolvimento da bovinocultura de dupla aptidão. "A pesquisa busca respostas para outros desafios como, aperfeiçoar técnicas de automação para minimizar a questão da falta de mão de obra nas propriedades", exemplifica.

Os criadores interessados na melhoria do seu rebanho, devem procurar a Emater-MG e ABCZ para terem acesso a touros e fêmeas de alta qualidade genética de diversas raças bovinas adaptadas para a produção de carne e leite.

Comunicação | EPAMIG